A produção mundial de alimentos é responsável por 27% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e 70% do consumo de água. Ao longo da cadeia produtiva, ocorrem muitas perdas e desperdícios, ou seja, alimentos que poderiam ser reaproveitados e ajudariam a promover a segurança alimentar, infelizmente, acabam sendo jogados no lixo. No Brasil, cada pessoa desperdiça, em média, 41,6 kg de alimentos por ano!

Nesse caso, os desperdícios alimentares são apontados como responsáveis por 8% a 10% das emissões. Apesar de parte desse percentual ser atribuído às perdas no processo de produção e distribuição dos alimentos, o desperdício de comida em casa também é relevante. Muitas vezes, a falta de planejamento no momento da compra leva a uma grande quantidade de comida que acaba sendo jogada “fora”, e esse alimento desperdiçado irá gerar GEE, por meio do seu processo de decomposição.

Consequentemente, o desperdício de alimentos contribui para a crise climática de diversas formas. A decomposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários gera emissões de metano, um potente gás de efeito estufa. Além disso, a produção e o descarte de alimentos envolvem o uso intensivo de recursos naturais, como água e energia, agravando sua pegada ambiental.

Reduzir o desperdício de alimentos é crucial para mitigar impactos negativos no meio ambiente e combater as mudanças climáticas.

Alternativas mais sustentáveis

Atualmente, possuímos muitas opções sustentáveis e saudáveis no setor alimentício e também fora dele. É claro que essas possibilidades nos ajudam a ter novas escolhas. Por exemplo, uma das principais conclusões de uma avaliação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi que novas alternativas emergentes aos produtos de origem animal, como carne e laticínios, podem contribuir para reduzir significativamente a pegada ambiental do atual sistema alimentar global.

As alternativas apresentadas no estudo colaboram para a redução dos gases de efeito estufa e também para reduzir o desmatamento, a degradação do solo e a poluição das águas. São elas:
1) Novas carnes à base de plantas;
2) Carne cultivada a partir de células animais; e,
3) Produtos ricos em proteínas derivados de fermentação rápida por microrganismos.

Estas opções colaboram para redução dos impactos negativos da pecuária, que é responsável por até um quinto (~20%) das emissões que aquecem o planeta - com crescimento do consumo de carne estimado para 50% até 2050.

No estudo do PNUMA, foram revisadas as políticas que os tomadores de decisão podem considerar para proteger a segurança alimentar, empregos, meios de subsistência, equidade social e de gênero e cultura. Assim, é possível ampliar os resultados benéficos destas novas alternativas, de carne e laticínios, evitando potenciais impactos negativos à saúde e sociais.

Os autores [do estudo] concluíram que novas alternativas podem provavelmente desempenhar um papel no apoio a um sistema alimentar mais sustentável, humano e saudável. Entretanto, apesar de ser um avanço positivo, é preciso salientar que as alternativas e o seu acesso à população precisam ser questionadas.

É preciso lembrar também da importância da responsabilidade compartilhada de diferentes atores sociais para promover essa sociedade mais sustentável, por meio do consumo consciente e de hábitos mais sustentáveis no setor alimentício e em outros setores.

Para além das novas alternativas, como podemos ajudar a combater a crise climática?

Combater a crise climática por meio da alimentação envolve escolhas e práticas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e promovem a sustentabilidade. Algumas maneiras de contribuir incluem:

Dieta baseada em plantas: Se possível, priorize uma dieta baseada em plantas. Por exemplo, substitua a carne por uma variedade de legumes e verduras pelo menos 1 ou 2 vezes na semana. No lugar do escondidinho de carne, você pode saborear um escondidinho à base de legumes. Confira essa dica aqui. A produção de carne, especialmente de gado, está associada a emissões significativas de gases de efeito estufa.

Alimentos locais e sazonais: Opte, se possível, por alimentos locais e sazonais. Isso ajuda a reduzir a pegada de carbono associada ao transporte e à produção fora de época.

Evite o desperdício: Reduzir o desperdício de alimentos ajuda a diminuir as emissões associadas ao descarte de alimentos em aterros sanitários.

Agricultura sustentável: Apoie práticas agrícolas sustentáveis, como agricultura orgânica, agroecologia e métodos que minimizam o uso de pesticidas e fertilizantes químicos.

— Escolhas mais conscientes: Pesquise empresas e marcas que adotem práticas sustentáveis na produção e distribuição de alimentos antes de fazer suas compras, sempre que possível.

Ao adotar essas práticas, podemos contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção e consumo de alimentos, desempenhando um papel importante na mitigação da crise climática.

Além disso, indicamos o documentário "Você é o Que Você Come: As Dietas dos Gêmeos" da Netflix que promove reflexões por meio de um experimento conduzido pela Universidade de Stanford. Na série, irmãos gêmeos mudam de dieta durante oito semanas para analisar como certos alimentos afetam o corpo humano. Essa produção também traz reflexões sobre os alimentos de origem animal e a crise climática, apresentando dicas de dietas à base de plantas que fazem a diferença no dia a dia.

Saiba mais

Primeiros Passos: Alimentos

Percurso Comer, Dividir e Brincar

Os alimentos no dia a dia

Alimentação saudável e sustentável: o que é importante saber

Entenda como funciona a compostagem

Referências

Novas opções de carne e laticínio podemos ajudar a reduzir as emissões nocivas ao clima. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/novas-opcoes-de-carne-e-laticinios-podem-ajudar.

Crise climática e o setor de alimentos: qual é a parte do Brasil nesse debate?. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/crise-climatica-e-o-setor-de-alimentos-qual-a-parte-do-brasil-nesse-debate/ .

Alimentação e mudanças climáticas. Disponível em: https://paineldemudancasclimaticas.org.br/noticia/alimentacao-e-mudancas-climaticas.

Você é o que Você Come: série mostra o que consumir para ter saúde. Disponível em: https://www.metropoles.com/entretenimento/televisao/voce-e-o-que-voce-come-serie-mostra-o-que-consumir-para-ter-saude.

23/01/2024

Publicado por Moderador edukatu
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